Como os Anarquistas se Organizam?

Do Exército Negro à Ação Direta: Modelos de Autogestão

A organização anarquista é frequentemente mal compreendida. Ao contrário do estereótipo do caos, movimentos históricos mostraram que é possível construir estruturas eficazes sem hierarquias rígidas. Vejamos três exemplos emblemáticos:

O Exército Negro de Nestor Makhno (Ucrânia, 1918–1921)

Durante a Guerra Civil Russa, Makhno liderou uma milícia camponesa que combinava autogestão e táticas guerrilheiras. O Exército Negro operava sob princípios como:

  • Decisões coletivas: Oficiais eram eleitos pelas tropas e podiam ser destituídos a qualquer momento.
  • Autonomia local: Vilarejos organizavam-se em comunas, sem interferência externa.
  • Apoio mútuo: A produção agrícola era redistribuída entre soldados e civis.
    Apesar de derrotados pelo Exército Vermelho, mostraram que uma força militar pode funcionar sem comando centralizado.

A CNT Espanhola (1910–1939)

A Confederação Nacional do Trabalho, anarcossindicalista, foi a maior central sindical da Espanha nos anos 1930. Sua estrutura baseava-se em:

  • Sindicatos por ofício: Grupos locais organizados por profissão.
  • Federalismo: Decisões partiam das assembleias de base para federações regionais e nacionais.
  • Ação direta: Greves e ocupações de fábricas, como em Barcelona (1936), onde operários coletivizaram indústrias.
    A CNT provou que a autogestão pode coordenar milhões de pessoas, mesmo em meio a uma guerra civil.

Coletivos Italianos (décadas de 1960–1970)

Grupos como Lotta Continua e ocupações de fábricas no Biennio Rosso (1919–1920) adotaram:

  • Assembleias horizontais: Trabalhadores decidiam coletivamente sobre produção e greves.
  • Apoio comunitário: Creches e cozinhas coletivas garantiam sustento durante paralisações.
  • Cultura DIY (Faça Você Mesmo): Jornais, rádios livres e centros sociais mantinham a comunicação sem mídia tradicional.

Como Funciona na Prática?

Algumas dicas da organização anarquista:

  1. Consenso e rotação de tarefas: Evita concentração de poder.
  2. Grupos de afinidade: Pequenos coletivos autônomos que se unem para ações específicas.
  3. Educação popular: Bibliotecas libertárias e workshops para formar militantes.

Vantagens do Modelo:

  • Resiliência: Sem líderes fixos, a repressão não decapita o movimento.
  • Empoderamento local: Decisões refletem necessidades reais das comunidades.
  • Criatividade tática: Da greve geral à ocupação de terras, a diversidade de ações surpreende adversários.

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